O auditório da sede operacional Menezes Côrtes se encheu de emoção e reflexões na tarde desta sexta-feira (25) durante o evento “Compreendendo o Autismo para um Atendimento Humanizado”, promovido pelo Núcleo de Atendimento à Pessoa com Deficiência (Nuped) da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

A programação foi aberta com falas do Defensor Público-Geral, Paulo Vinícius Cozzolino Abrahão; da Subdefensora Pública-Geral Institucional, Suyan dos Santos Liberatori; e da coordenadora do Nuped, Mabel Neves Arce. Os três reforçaram a importância de humanizar o atendimento às pessoas autistas e celebrar iniciativas que garantam acolhimento e respeito à diversidade.

—  O mínimo que a gente espera é acolhimento e empatia. Isso hoje em dia não é mais só moralmente uma obrigação, é um direito. E cabe à defensoria, muitas vezes, exigir o cumprimento desses direitos das pessoas que têm autismo. Então, aquilo que a gente esperava que as empresas, os órgãos públicos tivessem, que antes era apenas o moralmente adequado, hoje não é só o moralmente adequado, é um dever e é um direito — comentou o Defensor Público-Geral, Paulo Vinícius.

 

Durante o evento, foi inaugurada a primeira sala de acomodação sensorial da Defensoria, localizada no 13º andar do Edifício Menezes Cortes. Para a dra. Mabel, o espaço, planejado para oferecer conforto a adultos e crianças neurodivergente , simboliza um avanço no compromisso da instituição com a inclusão e o atendimento personalizado.

— Hoje é um marco institucional, uma concretização. É um passo a mais em uma inclusão efetiva, uma sensibilidade que não ficou só no papel e que não fique só na defesa dos direitos. A gente precisa ter esse olhar para dentro da nossa casa, que é de como eliminar essas barreiras, entender, se colocar no lugar do outro, ter escuta. Essa sala representa um marco concreto desse novo posicionamento que a gente precisa ter. Promover a inclusão exige mais do que estrutura, exige atitude —  concluiu Mabel Arce.

O primeiro painel, "O que é o Autismo?", foi conduzido pela médica psiquiatra Mirela Vasconcelos Moreno, especialista em transtorno bipolar e autismo no adulto. A palestrante explicou conceitos centrais sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e trouxe reflexões sobre os desafios de diagnóstico e acompanhamento clínico.

No segundo painel, "Vivências e desafios das pessoas autistas", o debate foi guiado pelas experiências de Ana Paula de Carvalho Machado Pacheco, doutora em Educação e pesquisadora em emprego apoiado; Beatriz dos Santos Costa, autista e psicóloga clínica especializada em inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho; e Guilherme Montenegro Siqueira Coelho, ator, dublador e autista, que compartilhou sua trajetória pessoal e apresentou seu curta-metragem "O Conto de um Autista", previsto para ser lançado ainda este ano.

O terceiro e último painel, "Outro olhar: como atender pessoas com deficiência com sensibilidade e respeito", foi apresentado por Geraldo Marcos Nogueira Pinto, superintendente de Ações para Pessoas com Deficiência (SUBDEP/RJ) e diretor da Comissão de Acessibilidade do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em sua fala bem humorada, que contagiou toda a sala, ele destacou a necessidade urgente de práticas institucionais mais empáticas e adaptadas à realidade das pessoas com deficiência.

A estagiária da Defensoria Marinéia Ferreira compartilhou sua experiência como pessoa com deficiência adquirida e relatou os desafios enfrentados para ter seu diagnóstico reconhecido. Ela elogiou a criação do novo espaço sensorial e ressaltou que a iniciativa mostra que a Defensoria não apenas defende direitos, mas pratica a inclusão na vida real.

—  Seria ótimo se fosse em todas as outras Defensorias, mas a importância maior disso tudo é saber que aqui as crianças, os adultos com autismo vão poder ser eles mesmos. Não ter vergonha de ser quem são —  afirmou Marinéia.

O evento, aberto ao público e transmitido ao vivo pelo canal da Defensoria no YouTube, foi pensado especialmente para sensibilizar defensores, servidores, estagiários e residentes sobre a importância de um olhar mais humano no atendimento às pessoas com deficiência.

 

Texto: Melissa Rachel Cannabrava

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