Humaniza Nuspen leva assistência à população LGBTQIAPN+ em presídio

Sob as grossas colunas de concreto do Presídio Evaristo de Moraes, conhecido como Galpão da Quinta, 117 homens, mulheres trans e travestis aguardavam ansiosamente o início dos atendimentos do primeiro Humaniza Nuspen 2025. O projeto da Defensoria Pública do Rio, que leva atendimento humanizado para dentro das unidades prisionais do estado, realizou sua primeira ação nesta segunda-feira (24), com foco na população LGBTQIAPN+.
Sentada na primeira fileira, Sofia (nome fictício), uma mulher trans de 37 anos, conta que se preparou a semana inteira para aquele momento, alisou os cabelos com uma chapinha e pegou um gloss emprestado com uma das amigas com quem divide a cela.
– A gente fica esperando por esse dia, né? Vir aqui, poder ver como está o andamento do nosso processo e poder desabafar um pouco. A vida aqui dentro não é fácil para a gente não, então é bom poder sair um pouco e ser ouvida, sabe?– relatou Sofia, que, assim como outras três mil pessoas, vive em regime fechado no Evaristo de Moraes.
Esta foi a segunda vez que a unidade recebeu a iniciativa, que contou com uma equipe de 15 pessoas, entre defensores, servidores, residentes e estagiários. A ação também contou com a parceria da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), que garantiu a distribuição de preservativos.
– Elas se sentem muito sozinhas. Nós escolhemos realizar a ação aqui hoje porque essa é a unidade prisional com maior número de pessoas LGBTQIA+ no Estado do Rio. São pessoas muito vulneráveis, não só por estarem privadas de liberdade, mas também pela falta de acesso à saúde pública, pela falta de afeto e, muitas vezes, são abandonadas por suas famílias – explicou a defensora pública Thaís Lima, coordenadora do projeto.
Thais Lima também destacou que, no Evaristo de Moraes, a população LGBTQIAPN+ recebe um cuidado especial, com celas separadas, fazendo com que as pessoas se sintam mais acolhidas na unidade.
O Humaniza Nuspen é dedicado à humanização do atendimento no interior das unidades prisionais, de forma diferenciada do atendimento rotineiro prestado pelas equipes do Nuspen. Na atividade cotidiana, o núcleo atende um número menor de pessoas, identificadas por lista nominal, para facilitar a localização das celas.
Durante o Humaniza, fichas de acompanhamento processual são atualizadas para todas as pessoas privadas de liberdade pertencentes a um determinado grupo. Nessa ação, o foco foi as pessoas LGBTQIAPN+, mas a iniciativa também já realizou ações voltadas para idosos, mulheres e pessoas com deficiência.
Veja as fotos do atendimento no nosso Flickr!
Texto e fotos: Jéssica Leal
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