Dona Ivone, mãe do Moïse, e Maurice Magbo, irmão do Moïse
Dona Ivone e Maurice Magbo, mãe e irmão do Moïse

 

Nesta sexta-feira (24), data na qual a morte do jovem congolês Moïse Kabagambe completa três anos, uma importante iniciativa reforça a preservação de sua memória. Por meio de uma atuação conjunta da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ), da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, da Prefeitura do Rio de Janeiro, da Concessionária Rio Pax e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), foi garantido à família de Moïse o uso gratuito de um columbário para a guarda de seus restos mortais.

A morte de Moïse ocorreu em 24 de janeiro de 2022, gerou comoção e impulsionou discussões sobre xenofobia e racismo. Segundo a defensora Gislane Keppe, do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), a Defensoria Pública tem atuado em diversas frentes para garantir reparação à família e promover a memória de Moïse Kabagambe.

— A Defensoria Pública vem atuando integralmente na reparação do sofrimento que acometeu a família. Buscamos a responsabilização das pessoas que mataram covardemente o Moïse, que era um jovem imigrante, negro e que não recebeu o pagamento devido pelo trabalho que prestou ao quiosque Tropicália. Hoje celebramos a memória desse jovem que representa tantos outros e outras jovens que sofrem preconceito por sua origem, raça e condição social, com a certeza que essa situação tem que mudar — afirmou. 

De acordo com a defensora, a preservação da memória de Moïse é fruto do esforço conjunto de diversas instituições no enfrentamento de questões como racismo, xenofobia e condições precárias de trabalho enfrentadas por migrantes no Brasil.

Homenagem à Moïse
Também nesta sexta, a DPRJ participou do evento "Pela Erradicação da Xenofobia, Racismo e Trabalho Escravo no Estado do Rio de Janeiro – Homenagem à Moïse", organizado pela Coordenadoria de Migração e Refúgio da Secretaria Estadual de Direitos Humanos. 

O ato, realizado no Consulado da Argentina, contou com uma mesa de abertura, exibição de um mini-documentário sobre a trajetória de Moïse e uma exposição fotográfica em sua memória. Além de Gislane Keppe, também esteve presente a defensora Luciana Mota, coordenadora do Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (Nucora) da Defensoria. 

Moïse, que chegou ao país com sua família para escapar dos conflitos na República Democrática do Congo, foi espancado até a morte após cobrar o pagamento por serviços prestados em um quiosque na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O caso trouxe à tona discussões sobre racismo, xenofobia e as condições de trabalho de migrantes no Brasil. 

A DPRJ acompanha o processo de indenização à família de Moïse, além de atuar como assistente de acusação no processo criminal, cujo júri está agendado para 13 de março. Outra iniciativa é a articulação com a Prefeitura do Rio para obras de manutenção no entorno de um quiosque no Parque de Madureira, doado à família como forma de reparação.

Veja as fotos aqui 

Texto: Giselle Souza



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