Desde outubro do ano passado, quando deu início à pesquisa iconográfica que antecedeu a exposição itinerante “70 anos: do sonho à luta”, a Defensoria Pública do Rio vem reunindo um acervo rico e variado sobre a história da instituição.  A ideia é criar o Centro de Memória da DPRJ, com fotos, recortes de jornais e objetos pessoais cedidos por defensores e defensoras, da ativa e aposentados, e servidoras e servidoras. 

—  Todas as defensoras e defensores que vieram antes de nós construíram o caminho até chegarmos aqui, muitas das vezes com paixão e a abnegação pessoal. Olhamos para trás para lembrar quem somos e podermos olhar para frente, edificando a Defensoria dos próximos 70 anos! — celebra Alessandra Bentes, chefe de gabinete da DPRJ, que coordena os trabalhos de resgate histórico na instituição. 

A historiadora Nataraj Trinta, responsável pela pesquisa e catalogação dos itens, tem recorrido a fontes clássicas, como Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional e setores de pesquisa de jornais, mas destaca a relevância de contar com a possibilidade de materiais doados por quem atua ou atuou na Defensoria.

— Um recorte de jornal guardado por anos é precioso e, talvez, seja o registro de algo que não é possível encontrar numa hemeroteca. Também são muito valiosos objetos simples, como uma caneta alusiva a uma data importante da instituição.  São detalhes que dificilmente um levantamento formal traria, e que ajuda muito a contar a história — ressalta. 

Até o momento, pelo menos 13 defensoras e defensores já fizeram doações ao acervo do Centro de Memória, a ser instalado no Menezes Côrtes. Familiares de defensores falecidos também têm colaborado. 

O trabalho de formação do Centro de Memória incorpora material já pronto sobre a Defensoria do Rio, como o documentário Paixão Verde, lançado em 2022. E deve se debruçar sobre publicações e, em especial, fotografias ainda dispersas por alguns órgãos.  

Nataraj aponta que há muito trabalho pela frente: um deles é tentar mapear quais foram os primeiros defensores e defensoras a atuar em cada comarca do interior, à medida em que a instituição se espalhou pelo território fluminense. 

— Um ano ainda é muito pouco para conseguir contar toda a história da instituição. Mas cada informação colhida contribui para esse relato, que remonta a um período em que usuários e usuárias dos serviços da Defensoria eram chamados de necessitados. Uma mudança conceitual muito grande e que o Centro de Memória certamente ajudará a compreender — resume a historiadora.

Texto: Valéria Rodrigues



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