Imagem do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (Créditos: reprodução)

 

Apresentando dois casos defendidos pela DPRJ, a reportagem especial “Inocentes na prisão”, veiculada pela Empresa Brasil de Comunicação, venceu o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos na categoria vídeo. O anúncio foi feito na última quinta-feira (10).

O programa Caminhos da Reportagem trouxe, neste episódio, histórias de pessoas que foram presas injustamente sob acusações de crimes que não cometeram. Ao longo da reportagem especial, são abordadas questões como o racismo estrutural e o reconhecimento fotográfico. 

A reportagem premiada "Inocentes na prisão" denuncia as prisões, principalmente de jovens negros, acusados de crimes que não cometeram, e traça a relação entre os casos abordados e o racismo estrutural na sociedade brasileira.

Paulo Alberto da Silva Costa foi um dos entrevistados na reportagem especial. Sem antecedentes criminais, ele teve suas fotos do Facebook usadas irregularmente pela Polícia Civil para que vítimas de crimes patrimoniais fizessem o reconhecimento fotográfico. Paulo foi investigado em mais de 70 inquéritos e denunciado em mais de 60 ações penais, o que ocasionou várias prisões preventivas, com base apenas no reconhecimento fotográfico.

Já Carlos Vitor Guimarães teve seus documentos roubados em São Gonçalo durante um evento. A polícia encontrou a identidade roubada em posse de acusados de roubos de motos, e então convocou Carlos a prestar esclarecimentos. Neste procedimento, apesar de sua primariedade, a imagem de Carlos Vitor foi inserida em álbum de suspeitos da polícia. A a partir disso, Carlos foi apontado como suspeito de roubo de carga, com base em reconhecimento fotográfico, e condenado a 8 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão. Na época das gravações de "Inocentes na prisão", Carlos ainda estava preso. A liberdade do jovem foi concedida no dia 25 de julho deste ano.

A coordenadora de Defesa Criminal da DPRJ, Lucia Helena de Oliveira, comentou sobre o recebimento do prêmio e a repercussão da reportagem, que traz visibilidade aos casos de prisões de pessoas inocentes a partir de falhas no reconhecimento fotográfico:

— É fundamental o papel do jornalismo na proteção dos direitos, notadamente quanto ao tema reconhecimento fotográfico que, infelizmente, resultou em muitas prisões injustas e também expôs o racismo estrutural que está enraizado em nossa sociedade. Os obstáculos no campo criminal são muitos, contudo, o jornalismo tem contribuído com informações para a sociedade como um todo, e este prêmio reconhece e presta homenagem a estes profissionais relevantes —  comentou Lucia Helena de Oliveira, coordenadora de Defesa Criminal da DPRJ.

Veja a íntegra da reportagem premiada aqui.

 

Texto: Nathália Braga



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