O evento Defensoria em Ação nos terreiros trouxe uma programação dedicada aos povos de terreiro da Baixada Fluminense no último sábado (27). A primeira edição da ação social aconteceu no Instituto de Educação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica. O município faz parte de uma região conhecida por sediar diversos terreiros de religiões de matriz africana.

 No auditório do instituto, foi realizada uma roda de conversa com a ekedji Lúcia Gomes, o professor Humberto Santana Jr., o babalorixá Rafael Douraddo, a iyalorixá Roberta de Yemonjá e a defensora pública Daniele da Silva de Magalhães, mediada pela ouvidora geral Fabiana Silva. Temas como a valorização cultural e a inclusão dos terreiros de matriz africana no programa do governo federal "cozinha solidária" foram tratados na perspectiva de diferentes casas de axé. 

A expectativa é de que o formato do evento Defensoria em Ação nos terreiros confira visibilidade às violações de direitos humanos veiculadas no racismo religioso. É o que projeta a defensora Daniele da Silva de Magalhães, Coordenadora da Promoção da Equidade Racial da DPRJ:

— A Defensoria em Ação nos terreiros reforça a missão de defesa das pessoas em situação de vulnerabilidade que a Defensoria do Rio tem. Além do que fazemos nas nossas ações sociais, trouxemos um espaço de escuta das diversas lideranças de terreiros da Baixada Fluminense. Isso nos leva a um mapeamento que nos ajuda a provocar o poder público e dar efetividade a direitos como o exercício da liberdade religiosa, que tem sido violado.

A exposição fotográfica "Infância nos terreiros", de Stella Guedes, também fez parte do espaço onde os serviços da Defensoria Pública do Rio, Detran e Defensoria Pública da União estavam à disposição dos participantes. Dentre os serviços oferecidos pela DPRJ, estavam a orientação jurídica para formalização de terreiros e a apuração de casos de racismo religioso. 

A defensora Anne Caroline Nascimento, coordenadora do Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (Nucora), aponta detalhes do racismo religioso no Rio de Janeiro: 

— A Defensoria tem que estar onde o povo está. É urgente e necessário combater o racismo religioso e a efetivar direitos das religiões de matriz africana. Atendemos, diuturnamente, casos de racismo religioso em face de crianças e adolescentes no ambiente escolar, nosso olhar está voltado para as violências perpetradas em face dos povos de terreiro

Após a roda de conversa, as pessoas que compareceram ao evento optaram por denunciar casos de racismo religioso aos núcleos especializados da Defensoria Pública do Rio de Janeiro em outro momento. As próximas edições da Defensoria em Ação nos terreiros serão realizadas em diferentes regiões do estado.

 

Texto: Nathália Braga



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