Iniciativa é realizada em parceria com Governo do Estado. Em média, 483 pessoas desaparecem por mês no Rio de Janeiro

 

 

Luciane Torres da Silva tinha 9 anos quando saiu para ir à padaria a poucos metros de casa. Nunca mais foi vista. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), só no primeiro semestre de 2023, 2.900 pessoas desapareceram. Um aumento de cerca de 11% quando comparado com o mesmo período de 2022. Para reduzir esses números, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e a Defensoria Pública do Estado, com o apoio do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, Metrô Rio e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, lançam a Campanha de Prevenção ao Desaparecimento de Pessoas, que englobará uma série de ações na semana de 30 de agosto, Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimento Forçado. 


A programação começará no dia 30, na Defensoria Pública do Rio de Janeiro. O evento vai debater o “Enfrentamento e Prevenção ao Desaparecimento de Pessoas no Rio de Janeiro: Avanços e Desafios”. Na ocasião, serão abordados os “avanços da política de enfrentamento e prevenção ao desaparecimento de pessoas” e “os desafios ainda a serem superados”. Participarão representantes do Ministério Público, Polícia Civil, Fundação para a Infância e Adolescência, Disque Denúncia, Cruz Vermelha, além da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e a Defensoria Pública do Rio. 


O Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor também apoia essa campanha. Fechando o dia 30, às 16h, será celebrada uma missa, pelo reitor do Santuário, Padre Omar, na Capela de Nossa Senhora Aparecida aos pés do monumento ao Cristo Redentor.


- Só com campanhas de conscientização e de prevenção será possível reduzir esse fenômeno que, anualmente, penaliza milhares de famílias no nosso estado. Existem mitos em relação, por exemplo, a notificação dos casos. As famílias podem, e devem registrar imediatamente os desaparecimentos em qualquer delegacia - afirma Jovita Belfort, superintendente de Pessoas Desaparecidas e Acesso à Documentação Básica.  


Ao analisar períodos completos, em 2022, desapareceram 5.255 pessoas em todo estado, um aumento de 30% em relação a 2021, o que reforça a importância de tratar sobre a temática e a importância da prevenção para evitar novos casos.


- Os números são impactantes, o que torna imprescindível haver ações por parte do Poder Público e da sociedade civil, para dar visibilidade ao tema a fim de garantir políticas públicas na área, bem como acesso à justiça aos familiares das pessoas desaparecidas - acrescentou a defensora Maria Julia Miranda, subcoordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da DPRJ.

 

Ação no MetrôRio


No dia 31, com apoio do MetrôRio, haverá distribuição de material de conscientização na estação da Carioca, entre 7h e 10h.  Os vídeos da campanha serão veiculados nas TVs dos trens da concessionária, nos mubs e nos telões das estações Carioca/Centro e Jardim Oceânico/Barra da Tijuca.                       
                                   

O trabalho de prevenção e atendimento do Estado e da Defensoria

Um dos maiores destaques do Estado é o trabalho da FIA, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. O banco de dados do Programa SOS Crianças Desaparecidas tem 27 anos e já registrou 4.307 casos. Desde então, 3.711 crianças e adolescentes foram localizados, o que representa uma taxa de sucesso de mais de 86%. Só em 2023, foram realizadas 90 localizações, permanecendo ainda 11 casos de desaparecimentos em aberto.

A Superintendência de Pessoas Desaparecidas e Acesso à Documentação Básica, também vinculada à secretaria, atua no combate ao desaparecimento por meio da articulação institucional para a busca e localização de desaparecidos, em parceria com as polícias, o PLID, Disque-Denúncia e outros. Além de assistência psicossocial aos familiares, orientações jurídicas, e encaminhando para a rede de atendimento psicológico.

Já a Defensoria Pública do Rio atua na prevenção, com orientações básicas (como emitir os documentos das crianças desde bem cedo, não deixar as crianças sobre o cuidado de outras crianças) e na ação posterior, quando a pessoa está em busca do desaparecido. A atuação se dá, muitas vezes, em parceria com diversas instituições para criar um fluxo de atendimento aos familiares que buscam seus entes queridos desaparecidos.


Perfil dos desaparecidos

De acordo com dados do ISP, em 2022, a maior incidência de desaparecimentos foi entre pessoas de 15 a 29 anos, que representaram 1.839 casos. Logo depois, na faixa etária de 0 a 17 anos, foram 1.258 desaparecidos. Pessoas com mais de 60 anos representaram o menor número de casos, sendo 609.  Entre crianças e adolescentes, 60,5% dos desaparecimentos são de mulheres, enquanto entre jovens de 15 a 29 anos, os homens representam 63,1%. O mesmo perfil se repete entre idosos, sendo 68,3% homens. 


Programação:

30/08 - Evento “Enfrentamento e Prevenção ao Desaparecimento de Pessoas no Rio de Janeiro: Avanços e Desafios”
Local: Sede da Defensoria Pública
Hora: 10h


30/08 - Missa no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor
Local: Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor
Hora: 16h


31/08 - Distribuição de material e trabalho de prevenção na Estação Carioca no Metrô
Local: Estação do Largo da Carioca
Hora: 7h às 10h



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