Influenciadoras exibiram vídeos em que presenteiam crianças negras com uma banana e um macaco de pelúcia (Imagem: Reprodução)

 

A Defensoria Pública do Rio, por meio do  Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (Nucora) e das coordenadorias de Promoção da Equidade Racial (Coopera) e da Infância e Juventude (Coinfância), irá apurar, através de procedimento instrutório, a responsabilidade pela prática de racismo recreativo, cometido pelas influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves. 

O episódio veio à tona na última terça-feira (30), após a divulgação de vídeos em que as influencers aparecem ao lado de crianças negras e perguntam se elas preferem receber dinheiro ou um presente fechado e embalado. Duas crianças optam pelos presentes, e quando abrem, veem que são uma banana e um macaco de pelúcia. 

— O racismo recreativo contribui não só para a opressão, mas também para a exclusão da população negra. É preciso, urgentemente, que o sistema de justiça rompa o racismo institucional, acolhendo as vítimas e fornecendo respostas eficientes e razoáveis a essas condutas criminosas — ressalta a coordenadora da Coopera, Daniele da Silva.

A Defensoria Pública, também oficiará a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e o Ministério Público do Rio de Janeiro, solicitando a instauração de inquérito policial e apoio nas investigações, para apuração da conduta tipificada na Lei 7716/89. 

- A partir de janeiro deste ano, foi incluído o art. 20-A na Lei de crimes raciais, que agora dispõe expressamente que quando o crime racial ocorrer em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação, as penas devem ser aumentadas até a metade — disse a coordenadora do Nucora, Anne Caroline Nascimento.

— Entendemos que essas condutas vitimam não apenas as duas crianças, mas todos os meninos e meninas negras. Por isso, cobraremos medidas para que esses fatos não se repitam — completou o  coordenador da Coinfância, Rodrigo Azambuja.


Texto: Jéssica Leal



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