Com o término das compras de fim de ano motivadas por datas como o Natal e o Ano Novo, outra temporada igualmente tradicional será iniciada na rotina do brasileiro: a de contas a pagar e, ainda por cima, em tempos de crise. Como nem todos estão preparados para isso, o Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, dá as dicas para começar 2016 da melhor forma possível com as finanças.

 

Para tanto, é preciso fazer a distinção entre o consumidor endividado e o superendividado, já que há maneiras diferentes de conduzir a negociação das dívidas em cada caso. Enquanto o primeiro tem prestações mensais de pagamento, o outro não consegue quitar as prestações com o salário que ganha, prejudicando, inclusive, o próprio sustento.

 

– O consumidor que estiver atravessando uma situação de superendividamento deve sempre procurar ajuda. Não adianta entrar em desespero. Decisões financeiras acertadas fazem toda a diferença para a saída de uma crise. O consumidor não pode se deixar levar por ofertas de crédito não adequadas ao momento pelo qual está passando. Muitas vezes, o endividado acaba se superendividando por não querer passar pela inadimplência – alerta a coordenadora do Nudecon, defensora Patrícia Cardoso.

 

Nesse caso, segundo ela, "um empréstimo vai levando a outro". 

 

– E aí se instaura um círculo vicioso. Peça ajuda! Mudar hábitos de consumo importa em modificação de comportamento. É difícil, mas é necessário! – destaca.

 

Patrícia Cardoso também observa que problemas financeiros podem ser resolvidos com os credores de forma extrajudicial, ou seja, bem mais rápida e eficiente e sem a necessidade de uma ação na Justiça. Segundo ela, entre as medidas está a negociação para o pagamento das dívidas em audiências de conciliação pré-processuais; o atendimento especializado no Nudecon, quando for o caso; e o encaminhamento para a Escola de Educação Financeira (https://goo.gl/NnwVay).

 

– Caso não seja possível resolver o problema de forma amigável através de um acordo, podemos ajuizar ações na Justiça, tais como, limitação de desconto somente no percentual de 30% do salário e revisional – exemplifica.

 

Além disso, o Nudecon firmou parceria com o site de resolução extrajudicial de conflitos do governo federal (consumidor.gov.br), no qual o consumidor pode verificar se a instituição financeira está cadastrada e também pode fazer reclamações online, sem precisar sair de casa e sem custo algum.

 

Confira as dicas:

 

  • Relacione todos os seus ganhos e gastos em uma planilha, inclusive os de menor valor, como é o caso do cafezinho. Ao analisar a planilha, você identificará onde estão os escapes do dinheiro.
  • Mostre a sua situação financeira para a família e defina com todos quais serão as prioridades dali em diante.
  • Reflita sempre antes de comprar algo novo: "Eu realmente preciso disso?"
  • Estabeleça metas e prioridades para o consumo, observando o que é mais importante. Tenha em mente que nem tudo pode ser comprado ao mesmo tempo.
  • Dê preferência para as compras à vista.
  • Podendo apenas comprar a prazo, compare os tipos de contrato, as taxas dos bancos e os prazos do pagamento.
  • É importante fugir de financiamentos no cheque especial e no cartão de crédito.
  • Atenção: não comprometa mais do que 30% da sua renda com as dívidas.
  • Renegocie as dívidas para obter juros menores.
  • Tente aumentar sua renda com atividades complementares.
  • Programe um montante para investimentos mensalmente.
  • Use os recursos que entrarem para quitar as dívidas, se possível.
  • Faça da quitação de dívidas uma das prioridades para o ano novo.

 

Texto: Bruno Cunha



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