A Defensoria Pública do Estado do Rio conseguiu uma liminar que obriga o município de Angra dos Reis a fornecer uma cadeira de rodas e uma cadeira de banho para Thandara, menina tetraplégica, de 10 anos, que vive na Praia de Provetá, em Ilha Grande, na Costa Verde. O caso da pequena veio à tona quando sua família foi atendida durante ação do projeto “Defensoria nas Ilhas”, realizada no dia 11 de fevereiro.
Por viver em uma parte mais remota da ilha, a mãe de Thandara, Dione Conceição Neves, precisa percorrer uma trilha de mais de meia hora pela mata, carregando a filha no colo, até um pequeno barco que leva as duas à Angra dos Reis, onde Thandara faz as sessões de fisioterapia fornecidas pelo governo, todas as quintas-feiras.
Para o defensor André Bernardes, defensor titular do Núcleo da Família de Angra dos Reis e que fez o atendimento da família, é muito gratificante ver o direito desta criança, que vive em estado de hipervulnerabilidade, mais próximo de se concretizar.
- Ver um caso forte como este na primeira ação de retomada do Defensoria nas Ilhas reforçou a certeza de que é necessário continuar para buscar reduzir as injustiças que afligem a população carente - afirma o defensor.
O município de Angra dos Reis tem até 48 horas para responder à liminar, sujeito à uma multa diária de R$5.000,00 (cinco mil reais). O prazo começou a correr nesta quarta (15).
Thandara se tornou tetraplégica por conta de um erro médico durante o parto, realizado no Hospital Santa Casa, em Angra dos Reis. Desde então, quem cuida dela é sua mãe Dione Conceição Neves, que, além de Thandara, tem outros três filhos que precisam de cuidados diários. A família sobrevive através da venda de alguns legumes e frutas plantados no quintal da pequena casa, dividida também com os pais e o irmão de Dione.
Afastada do continente e acometida por uma vida de muita luta, a dona de casa pouco sabia sobre os direitos que poderiam garantir uma vida mais confortável não só para Thandara, mas para toda a família que vive em situação de vulnerabilidade social. Assim que souberam do caso da dona de casa, defensoras e defensores públicos logo se disponibilizaram a fazer a caminhada e realizar o atendimento da família. Sem sofá na residência, o atendimento foi feito no quarto da própria Dione.
— Só uma mãe sabe como é ver um filho nesta situação. É muita luta, a gente desce carregando ela nas costas na esperança de trazer alguma melhora. É realmente difícil, semana passada estava chovendo e eu caí com ela no colo, não sei nem como vou fazer para levá-la na fisioterapia essa semana — relatou a dona de casa.
Os itens pedidos na liminar já haviam sido prescritos pelo médico de Thandara.
Texto: Thaís Soares