Familiares e organizações sociais se reuniram hoje (24), no posto 8 da Barra da Tijuca, para homenagear o congolês Moïse Kabagambe. O jovem foi assassinado no quiosque da praia, onde trabalhava, em 24 janeiro de 2022, exatamente há 1 ano. Representantes da Defensoria Pública estiveram no evento. 

– A Defensoria segue a disposição para apoiar a família no que eles precisarem. Os imigrantes muitas vezes estão numa situação de vulnerabilidade em nosso país, mas estamos aqui para ampará-los, orientá-los e cobrarmos seus direitos, destacou a defensora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), Gislaine Kepe.

O Núcleo está atuando junto a família no processo criminal, como assistente de acusação, cobrando a condenação dos acusados. Também está sendo requerido um pedido de indenização como reparação às perdas vividas desde então.

Durante o evento, familiares realizaram uma prece no local onde a violência aconteceu. No dia do assassinato, câmeras de segurança registraram o momento em que Moïse foi imobilizado, espancado e morto. A família diz que está esperando o encerramento do processo criminal para deixar o Brasil.

– Saímos do nosso país para trabalhar e ajudar nossa família e nunca imaginávamos uma coisa dessas, sem nenhum motivo. Nenhuma indenização traz a vida de volta e hoje estamos aqui porque não queremos que ele seja esquecido, as pessoas que fizeram isso precisam pagar na justiça, disse um dos irmãos de Moïse.

Essa foi a primeira vez que a mãe de Moïsé esteve no local onde o filho foi morto. Ao chegar, não conteve as lágrimas e se questionava "Por que fizeram isso com meu filho?". Em suas poucas palavras, externou a dor após um ano da perda do filho e lamentou não poder vê-lo realizar os sonhos que tinha.

 

Medidas após a morte

Os acusados de assassinarem Moïse estão em prisão preventiva e aguardando o julgamento presos. A motivação do ataque seria uma suposta cobrança do congolês pelos serviços prestados ao quiosque, localizado na Barra da Tijuca. 

Como medida de reparação, a Prefeitura do Rio ofereceu o quiosque no qual Moïse foi morto à família, para transformar o espaço num memorial. Os familiares, no entanto, não se sentiram bem em permanecer no local e, dessa forma, foi concedido um outro quiosque, localizado no Parque Madureira. A Defensoria também está apoiando a família para conseguir a reforma do local.

Mario Undiga, vice-presidente do Comitê Municipal Intersetorial de Políticas de Atenção às Pessoas Imigrantes, criticou a falta de impunidade em situações de violência contra quem vem de outros países para viver no Brasil.  

— Desde a morte do Moisé, muitos outros casos semelhantes aconteceram e não tiveram nenhuma repercussão. Um ano depois, não vemos mudanças efetivas em como somos tratados, desabafou Undiga, que veio de Guiné Bissao e está no Brasil há 12 anos.

 

Texto: Jaqueline Banai



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