A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) conseguiu que o jovem Marlon Anderson Cândido, 23 anos, responda em liberdade à acusação de ser um dos suspeitos de atacar policiais em uma operação da PM em Benfica, na última segunda-feira (2). Na ação, Marlon foi baleado, preso e mantido sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Família e amigos contestaram a versão da Polícia e afirmam que o jovem foi alvejado quando estava a caminho do trabalho.

A operação ocorreu na comunidade da CCPL, Zona Norte do Rio, onde Marlon reside. O ouvidor-geral da Defensoria, Guilherme Pimentel, acompanhou o caso desde os primeiros momentos e ressalta a importância da união da sociedade civil para denunciar situações que estejam em desacordo com a lei.

- Todos que contribuíram para o caso chegar até a Defensoria e pudéssemos atuar na defesa dos direitos do Marlon foram importantes para conseguirmos evitar qualquer tipo de injustiça ou que esse caso fosse mais um, disse o ouvidor. 

A coordenadora de Defesa Criminal da DPRJ, Lucia Helena Oliveira, destaca ser importante fazer uma reflexão sobre as ações dos agentes de segurança, bem como sobre todo o nosso sistema de justiça. 

- Jovens que vivem em comunidade enfrentam diariamente muitos desafios. Sabemos que um expressivo número de pessoas que sofrem abordagens por serem consideradas suspeitas refere-se as pessoas negras. Também sabemos do expressivo número de jovens negros atingidos em comunidades, o que revela o racismo estrutural existente em nossa sociedade, disse a coordenadora.

A liberdade de Marlon foi decidida em audiência de custódia realizada ontem (4) no Tribunal de Justiça do Rio. Na decisão, o juiz descreve a narrativa dos policiais e ressalta inconsistências, como as apreensões de armas e drogas terem sido em local distinto do qual Marlon foi atingido e que, segundo os agentes, “quando foram realizar a abordagem ao elemento baleado, perceberam que ele havia sido levado do local para outro desconhecido, em razão dos rastros de sangue que havia ao solo”. O juiz destacou que “a possibilidade de o custodiado estar próximo ao local dos fatos pode ser pelo simples fato de ser morador naquela comunidade, pois é notório que, em áreas conflagradas, os criminosos infelizmente dividem as ruas das comunidades com crianças e outros moradores”.

 

Texto: Jaqueline Banai



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