Para comemorar os 10 anos de criação do Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen) da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, realizou dos dias 2 a 4 de dezembro, no Rio Othon Palace, em Copacabana, o I Congresso Nacional de Defensores Públicos em Execução Penal.
 Fizeram a abertura do evento, no dia 2, o coordenador do Nuspen Leonardo Guida; o 1º subdefensor geral do Estado Líbero Atheniense Teixeira Junior e o defensor geral do Estado José Raimundo Batista Moreira.
– A idéia deste congresso é fomentar a evolução da Execução Penal, uma área sempre esquecida – disse Guida.
– A área que tem nos dado mais vitalidade institucional é a Execução Penal – contou Líbero Atheniense, lembrando do intercâmbio entre as Defensorias Públicas para a criação da Força Nacional da Defensoria Pública em Execução Penal, cuja primeira atuação em mutirão, com defensores voluntários de todo o Brasil, ocorreu em unidades prisionais de Ribeirão das Neves, na região de Belo Horizonte, Minas Gerais. 
Em sua fala, o defensor público geral fez um resgate histórico da criação do núcleo especializado, em 1999. E contabilizou as vitórias obtidas na área, como a expansão do atendimento da Defensoria Pública nas 47 unidades prisionais do Estado do Rio de Janeiro.
– Hoje, a Defensoria Pública atua em casas de custódia, penitenciárias, hospitais e manicômios penais – lembrou Batista Moreira, comemorando também outras vitórias como o convênio da instituição com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que cedeu verbas para a contratação de estagiários e comprar de equipamentos, além da estrutura da nova sede do núcleo.
Após a abertura, na primeira mesa do congresso, participaram o defensor público Marcelo Bustamante, que criou o Nuspen em sua gestão como defensor público geral, e o escritor e ex-presidiário Luiz Alberto Mendes, autor de “Memórias de um sobrevivente”.
Bustamante lembrou os tempos difíceis da Defensoria Pública, que atuava nas Varas de Execução Penal com apenas cinco defensores públicos e sofria com os mecanismos de entrave dos direitos dos presos. 
– Todo mundo tem direito à proteção judiciária – lembrou o defensor público, contando que o Nuspen teve forte reação contra a sua criação. – Não há mais onde colocar os presos. No Brasil, já são 480 mil presos! A questão penitenciária nunca será resolvida, pois a “engrenagem” é contra o direito dos presos.
Ali na mesa se encontrava um exemplo de que respeito aos direitos e boas oportunidades podem mudar profundamente um indivíduo. O paulistano Luiz Alberto Mendes teve uma infância e adolescência conturbadas e, desde cedo, passou parte de sua juventude em reformatórios. Seguindo o caminho das drogas e do crime acabou preso por latrocínio. Preso e com sua situação piorada por mais um homicídio, Luiz Alberto descobriu na escrita e na leitura uma forma de esquecer a violência e a solidão. Sua história, que retrata os mais de 30 anos de detenção, foi relatada em “Memórias de um sobrevivente”.
– Os valores do crime são facilmente questionados porque são construídos sobre base nenhuma – disse Luiz Alberto, que aprendeu a ler e escrever na prisão e chegou a passar em primeiro lugar para o vestibular de Direito da PUC de São Paulo.
        Durante o congresso, defensores públicos, estudantes e profissionais de Direitos assistiram, entre outros painéis, A execução Penal na América Latina Defensores Públicos do MERCOSUL, Sistema Interamericano e a execução penal, As minorias na Execução Penal e Por que se pune [tanto] os pobres?, além de reunião de avaliação da primeira atuação da Força Nacional da Defensoria Pública em Execução Penal. 
          No último dia, além dos painéis, o evento foi encerrado com o lançamento do livro comemorativo "Ideias para uma a construção de uma Execução Penal democrática", que reúne artigos de defensores públicos sobre o tema.





VOLTAR