Para Jonatas da Costa, de seis anos, o Maracanã é muito maior do que ele esperava. Ansioso para assistir a sua primeira partida em um estádio de futebol, o pequeno pode, por algumas horas, esquecer a dura realidade que vive. Entre um passe de bola e outro, a criança, que jamais pensou em ocupar aquele espaço, encarava o campo a metros de distância com os olhos brilhando de emoção. 

— Eu sou flamenguista desde que eu tinha 3 anos. O Flamengo é o meu amor, nunca achei que eu fosse entrar em um estádio de futebol de verdade. Hoje é o dia mais feliz da minha vida — conta o menino.

Em uma ação inédita realizada pelo Núcleo de Defesa Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio (Nudedh) e o Clube do Flamengo, 22 meninos e meninas que vivem em situação de rua puderam acompanhar, no último sábado (15), a partida do Rubro-Negro contra o Atlético Mineiro, pela 32ª do Campeonato Brasileiro. 

As crianças que participaram da ação fazem parte do Projeto Cultural Menino Benjamin Filho, dedicado à formação cultural de jovens que vivem em situações vulneráveis no centro da cidade. 

Além de acompanhar a partida de futebol, as meninas e meninos também andaram no próprio ônibus do time, que fez o trajeto entre a sede do Projeto e o estádio. Para a defensora pública do Nudedh, Cristiane Xavier, a ida ao Maracanã traz às crianças um ar de possibilidade de tempos melhores. 

— Hoje estamos aqui no Maracanã realizando essa parceria incrível. Está sendo um momento muito especial. É muito importante trazer respeito, dignidade e esperança para esses pequenos.  É a integração da família não só na dura realidade cotidiana, mas na possibilidade de viver a alegria de ver seu time jogar e ter um momento de lazer, igual a tantas outras crianças — disse a defensora.

A ação social é parte do Projeto “Nação no Maraca”, do departamento de Responsabilidade Social do Flamengo, que distribui ingressos a grupos socialmente vulneráveis, escolas públicas e projetos sociais. Além das 22 crianças, dois jovens que vivem em um abrigo da cidade também foram levados ao Maracanã pela Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica), da DPRJ.

— É importante ressaltar o direito de toda criança e adolescente ao esporte e ao lazer e sendo o futebol um esporte tão popular e apaixonante, assistir jogo de time tão querido é um momento de alegria para ser lembrado e incentivado — completou a defensora da Cdedica,  Eufrásia das Virgens.

Texto: Jéssica Leal



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