As vielas estreitas do Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favela do Rio de Janeiro, foram cenário do lançamento da campanha nacional das defensoras e defensores públicos: “Onde Há Defensoria, Há Justiça e Cidadania”. O evento aconteceu no sábado (17) e levou membros da Instituição para dentro do complexo no intuito de prestar atendimento jurídico e ouvir histórias relatos dos moradores do território. 

A campanha, que ocorre todos os anos, é promovida pela Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (ANADEP) e trabalha em diferentes frentes na promoção da cidadania, com prestação de serviços e trabalho de conscientização em direitos humanos. Nesta edição, o intuito é reforçar a atuação das(os) defensoras(es) e a importância de fortalecer a Defensoria Pública para que esteja presente e bem estruturada em todo o território nacional.

– A iniciativa deste ano busca promover a reflexão sobre o fortalecimento e valorização da Instituição, com o objetivo de mostrar que a Defensoria Pública é referência para o acesso à justiça e garantia de cidadania às pessoas em situações de vulnerabilidade – explica a presidenta da ADPERJ, Juliana Lintz.

Rivana Ricarte, presidenta da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos, reforçou que é preciso que a população entenda o trabalho da Instituição para que possa ajudar a defendê-la e fomentar a necessidade da Defensoria em todos os espaços pela defesa dos direitos humanos.

– Nós precisamos conhecer os lugares de maior vulnerabilidade social para entender o que a população precisa. Não podemos fazer apenas um atendimento burocrático, dentro dos gabinetes, sem escuta e sem diálogo com nossos assistidos – ressaltou Ricarte.

Durante o lançamento regional da campanha, as(os) moradoras(es) receberam orientação jurídica em assuntos relacionados à guarda, tutela, curatela, alimentos, divórcio, retificação de registro de nascimento ou casamento, alvará, execução penal, registro tardio, reconhecimento e dissolução de união estável, partilha de bens, entre outros. O atendimento é parte do Defensoria em Ação nas Favelas, projeto da DPRJ feito com a colaboração da Ouvidoria Externa, da Central de Relacionamento com o Cidadão (CRC), dos núcleos especializados e de bairros e dos demais órgãos de atuação da instituição no estado.

Para a dona de casa Silvia, que mora na comunidade há mais de 30 anos, foi uma surpresa conhecer seus direitos e saber que poderá resolver sua ação de alimentos de forma rápida e gratuita.

– Para gente é muito difícil acessar esse tipo de serviço, eu nem sabia que eu podia resolver o meu processo no mesmo dia. É muito bom ver a Defensoria dentro da maré porque assim como eu, muita gente aqui não conhece os seus direitos – disse Silvia.

Além do mutirão de atendimentos, o evento também contou com uma roda de conversa sobre racismo estrutural, com a coordenadora do Núcleo Contra a Desigualdade Racial (Nucora) da DPRJ, Daniele Silva.

– A Defensoria tem obrigação de intervir em todos os casos de injustiça social, pois representamos a população mais vulnerável. Nós temos que estar dentro dos territórios periféricos pois nós só existimos porque existe vulnerabilidade no país. É isso que o Defensoria em Ação faz e que agora a Campanha Nacional da ANADEP está propondo – disse Daniele.

 

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Texto e fotos: Jéssica Leal

 



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