Pimentel ficará à frente do cargo pelo próximo biênio (22/23)

Foi em uma quadra na comunidade do Jacarezinho, repleta de lideranças populares e comunitárias, defensores(as) públicos(as), servidores(as) e moradores (as), que o ouvidor-geral Guilherme Pimentel assinou seu termo de posse para mais um mandato à frente da Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Rio. Em meio a muita emoção, Pimentel disse que o seu maior desafio é construir o acesso à justiça para além do judiciário, ao lado dos mais injustiçados. 

— Não fazemos nada sozinhos na Ouvidoria e se fizéssemos, não faríamos metade do que realizamos nesses dois anos. Nós temos construído juntos o acesso à justiça para além do judiciário. Estamos na continuidade de uma luta que começou 500 anos atrás. Nós vivemos em uma sociedade que foi colonizada e baseada em mão de obra escrava. Ter esse entendimento é chegar à conclusão de que é impossível construir um futuro melhor sem a aliança entre as linhas de frente de serviço público e da luta popular por direitos. A sociedade popular e o movimento civil têm conhecimento de suas necessidades, mas não têm os recursos. Esse é o nosso desafio — disse Pimentel.

O evento aconteceu na tarde desta segunda-feira(20), na sede do G.R.E.S Unidos do Jacarezinho, com a presença do fundador do Portal Favelas, Rumba Gabriel, como anfitrião da cerimônia. Além de Rumba, a cerimônia reuniu  nomes da luta pelos direitos humanos como William da Rocinha, a vereadora do Rio e ex-companheira de Marielle Franco, Mônica Benício, o deputado estadual Waldeck Carneiro, a ouvidora-geral da defensoria pública da Bahia, Sirlene Assis e o presidente do Conselho Nacional das Ouvidorias, William Fernandes.

Também estiveram presentes os coletivos mães de Itaboraí e mães das vítimas da chacina do Jacarezinho, além do ex ouvidor- geral da DPRJ, Pedro Strozenberg, que leu o termo de posse do novo ouvidor. 

— Aqui estão pessoas de luta de vidas inteiras. Queria citar a importância não só do Guilherme, mas de toda a Ouvidoria Externa que está aqui presente. Há uma lei federal que diz que todas as Defensorias têm que ter ouvidoria e, incrivelmente, nem todas têm. Esse é um desafio para todos nós, cobrar por isso. O Rio de Janeiro é um dos mais ativos nessa luta e isso me enche de orgulho. Acompanho o Guilherme há bastante tempo e sei que ele vai tirar esse desafio de letra, como já vem feito nesses últimos dois anos à frente da Ouvidoria — disse Strozenberg. 

Para o defensor público-geral, Rodrigo Pacheco, hoje em dia não existe Defensoria sem a Ouvidoria. 

— A luta pela ouvidoria não foi uma luta fácil e muitos que estão aqui hoje ajudaram a construir a ouvidoria ativa como vocês conhecem. Foi uma mudança transformadora no acesso à justiça, eu posso citar aqui o circuito favelas por direito em que colocamos mais de 100 defensores públicos dentro das favelas. Essa posse é muito especial, o Guilherme assumiu em um momento muito difícil, durante a pandemia. Posso dizer que ele fez um trabalho emocionante, especialmente na luta pela alimentação das crianças. Não tenho dúvidas de que será um mandato de muito diálogo e mudanças — reiterou Pacheco.  

A reeleição de Guilherme Pimentel é resultado de um processo eleitoral que durou cerca de dois meses e meio. Após votação de representantes de instituições inscritas em Conselhos Estaduais de Direitos do Estado e a formação de lista tríplice com os candidatos mais votados, o Conselho Superior da Defensoria optou pela manutenção do trabalho do atual ouvidor. Guilherme continuará no cargo até 2023.

Texto e foto: Jéssica Leal.



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