O preconceito racial, o aumento das taxas de mortalidade de jovens negros e a falta de oportunidades para ingresso no mercado de trabalho e nas universidades  foram alguns dos temas debatidos na 1ª Marcha Contra a Desigualdade Racial da Defensoria Pública, realizada na sede da Instituição, na quarta-feira, 11. O evento teve a presença de cerca de 300 pessoas que lotaram o auditório do 2° andar.
 
O evento foi inspirado na Marcha pelo Trabalho e Liberdade, protagonizada por Martin Luther King nos Estados Unidos. E, em 28 de agosto, data em que o célebre discurso do ativista negro completou 50 anos, a Defensoria Pública conquistou a liberdade para o estudante da Guiné-Bissau Delmar N'Taquina Lopes Siga, acusado de roubo, enquanto pedia informação num ponto de ônibus.
 
O relato do jovem sobre os dias vividos na prisão e sua experiência no Brasil deu início ao evento, que se seguiu com os depoimentos do coordenador do Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen), Felipe Almeida, e do subcoordenador do núcleo, Leonardo Meriguetti, responsáveis pela defesa do jovem.  Eles contaram o cotidiano que presenciam nas prisões fluminenses, em que muitos “Delmar” cumprem pena, vítimas da intolerância da sociedade e do racismo corroborado pelo Estado.
 
O Defensor Público Geral, Nilson Bruno Filho, lembrou que o evento destinava-se à reflexão.  
 
- Eu tenho um sonho, que um dia não precisaremos fazer este tipo de evento. No entanto, ainda temos que reunir um grupo de pessoas comprometidas pelo fim da desigualdade para fazer com que essa realidade mude -, ressaltou.
 
Especialistas deram contribuições para a reflexão sobre por que os negros ainda estão em desvantagem num país que prega em sua Constituição Federal que todos são iguais perante a lei . Integraram a mesa solene o defensor público geral do Estado; o presidente da ONG Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), Frei Davi; o presidente do Conselho Estadual dos Direitos dos Negros, Paulo Roberto dos Santos, Paulão; o superintendente de Promoção da Igualdade Racial (SUPIR/RJ), Marcelo Dias; o juiz de Direito André Tredinnick e o tabelião substituto do 8° Ofício de Notas da Capital, Pablo dos Santos Menezes.
 
Prestigiaram o evento o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Levi; a coordenadora Especial de Promoção da Igualdade Racial do Município do Rio de Janeiro, Lelette Coutto; a atriz Léa Garcia; o organizador do Concurso Beleza Negra 2013, Leônidas Lopes; o presidente da Incubadora Afrobrasileira, Giovanni Harvey; o diretor do Instituto Nelson Mandela, José Carlos Brasileiro; a jornalista Márcia Moura; defensores públicos; estudantes da Educafro e militantes da causa dos negros.
 


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