Após pedido da Defensoria, Justiça condena escola por injúria racial sofrida por aluna

Após pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, a Justiça condenou - em 1ª e 2ª instâncias - o Colégio Elite, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio a indenizar, em R$ 15 mil, uma aluna por ter sofrido injúria racial cometida por uma professora dentro da sala de aula. O caso aconteceu em 2017, quando a professora de Português começou a comparar os estudantes da escola com outros alunos, moradores de outros bairros, dizendo que compreendiam as matérias com mais facilidade e que lá "não tem essa coisa de afrodescendente, não tem essa coisa de cabelo ruim".

Segundo os relatos da jovem, única aluna negra na sala de aula, houve um profundo constrangimento e ela se sentiu diretamente atingida pelas palavras da professora. Apesar de outros alunos e professores terem saído em defesa dela, a coordenação não comunicou o fato aos pais, que souberam pela menina. Além disso, a escola afastou a professora por um tempo desta turma, mas depois autorizou que ela voltasse a ministrar aulas na turma da jovem ofendida. Nessa ocasião, a professora contou para todos o que havia acontecido, voltando a constranger a jovem, e dizendo que "não tinha intenção de ofender".

Na sentença de 1º instância, a escola foi condenada a pagar a indenização, mas o colégio recorreu. A desembargadora da 2ª instância, entretanto, confirmou a sentença, na semana passada, considerando que o "caso ofende um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, previstos no artigo 3º, que é de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

A desembargadora disse ainda, na decisão, que "de forma alguma pode se negar que autora sofreu, que houve constrangimento pelo comentário da professora da instituição de ensino, acarretando verdadeira violação do direito da personalidade da autora. Desta forma, correta a sentença no que diz respeito à atribuição de responsabilidade à ré pelos fatos que restaram comprovados e retratam evidente expressão pública de racismo estrutural, e justamente por parte de profissional que deveria empregar todos os esforços no combate e tão odiosa prática discriminatória que, evidentemente, gera severos danos morais."



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