Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia


Na noite do dia 14 de janeiro, Gleiciele Almeida estava se preparando para dormir quando foi surpreendida por chamas invadindo a sua casa. Desesperada, ela só teve tempo de acordar seus filhos e correr antes que a casa fosse totalmente tomada pelo fogo. Naquela mesma noite, a família de Gleiciele foi uma das que perderam tudo em um incêndio de grande proporções que atingiu a ocupação 'Unidos Venceremos', em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Desde a tragédia, a Defensoria vem acompanhando essas famílias. 

As chamas destruíram todos barracos da ocupação, deixando diversas pessoas sem moradia e em situação de extrema vulnerabilidade social. Cento e quarenta e sete famílias (147) conseguiram o Auxílio Habitacional Temporário (AHT) pela Prefeitura do Rio, porém 58 famílias continuam alojadas em um galpão cedido por uma igreja da região. Na última sexta-feira (5), a Ouvidoria Externa realizou um encontro com os moradores por meio da organização BASE, que atua com projetos sociais junto a essas pessoas desde o início da pandemia.

Durante o encontro, as famílias relataram dificuldade em conseguirem se manter no local sem a ajuda de doações. Para o Ouvidor-Geral, Guilherme Pimentel, a situação exige urgência. 

— Cinquenta e oito (58) famílias estão vivendo de favor em um galpão emprestado por uma igreja. Lá, há apenas dois vasos sanitários para cerca de 200 pessoas, entre elas muitas crianças pequenas e alguns idosos. Além disso, elas só têm até semana que vem para ficar no local, e não possuem lugar para onde ir. É preciso garantir o aluguel social imediato como solução temporária, sem deixar de providenciar moradia digna definitiva para as mais de 200 famílias que perderam tudo no incêndio — relata Guilherme. 

Após a mediação entre os moradores e a Ouvidoria, foi realizada uma nova reunião nesta terça-feira, desta vez com o Núcleo de Terras e Habitação (NUTH). No momento, a Defensoria aguarda resposta de uma solicitação enviada à Prefeitura para entender porque essas 58 famílias não receberam o AHT e que providências podem ser tomadas para garantir que essas pessoas tenham o direito à moradia garantido. 

— O recebimento do AHT para as famílias remanescentes é uma medida extremamente necessária para reduzir a vulnerabilidade a que está exposto o grupo, temporariamente em espaço sem condições necessárias de moradia. Além disso, busca-se a adoção de providências para solução definitiva do direito à moradia por parte do poder público para as famílias atingidas — explica a coordenadora do NUTH, Viviane Tardelli.

Texto: Jéssica Leal



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