"Quando a gente fala de um curso de extensão, nós estamos extrapolando os muros da universidade, o projeto visa o diálogo junto com a comunidade. A nossa ideia sempre foi viabilizar a formação para quem está fora e não consegue acessar a universidade. Nós estamos falando de pessoas que estão inseridas nos movimentos sociais, pessoas que não têm uma formação de nível superior e por fim, estamos falando da sociedade pensar junto com a universidade uma democratização de informações". Essa foi a fala da professora de serviço social da UFRJ Rachel Gouveia durante o lançamento da publicação “Direitos Humanos, Saúde Mental e Racismo: Diálogos a partir do pensamento de Frantz Fanon”, que é fruto do curso de extensão realizado durante a pandemia. A produção está disponível para os interessados no site da Defensoria. Acesse aqui

O evento aconteceu no dia 9 de dezembro e foi transmitido pelo canal da DPRJ no Youtube. O objetivo foi promover o debate sobre temas fundamentais para compreender o racismo estrutural. Os estudos que compõem a publicação buscam entender como o preconceito estabelece dinâmicas na produção de bens, serviços, estrutura de conhecimento, cultura e diversos outros pontos. 

A mesa de abertura contou também com a presença do defensor público-geral, Rodrigo Pacheco. A mediação ficou por conta da estudante de Serviço Social Giulia Castro e da mestranda de Serviço Social Giselle Moraes, que fizeram parte da organização do curso. A defensora pública Patrícia Magno fez a apresentação do livro. Estiveram presentes no evento também as professoras do curso de extensão Roberta Gondim e Ludmilla Lis, além do mestre em Ciências da Saúde  e doutor em sociologia, Deivison Faustino, e o professor mestre e doutor em Filosofia, coordenador do grupo de pesquisa Afroperspectiva, Saberes e Infância, Renato Nogueira.

 — Esse evento marca alguns compromissos, num momento em que as instituições são tão atacadas, especialmente as instituições públicas, que produzem conhecimento, pensamento crítico. Portanto, é fundamental que a gente afirme publicamente que a Defensoria acredita no caminho da cooperação, com as universidades e com a academia. Além disso, também temos o compromisso na luta antirracista que passa pelos seus posicionamentos públicos. Precisamos reafirmar esses compromissos — destacou o defensor público-geral, Rodrigo Pacheco. 

O professor Deivison Faustino também ressaltou a importância da população negra e periférica nas universidades para a construção da diversidade do ensino.

— A gente pode notar que em meio a tanta coisa triste e cinza acontecendo neste ano, podemos observar que está acontecendo também uma efervescência de publicações sobre racismo, sobre autores e autoras negras, e isso tem muito a ver com a presença de pessoas negras nas universidades, que foi possibilitada pelas ações afirmativas nos últimos anos. Por isso, não é à toa que agora a universidade, que sempre foi um espaço da elite, agora tem sido tão atacada pelos atuais governantes, porque, de fato, uma parte da população que estava fora começou a entrar e se utilizar desse espaço também como espaço de produção de conhecimento e construção de outras narrativas — disse Faustino.



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