Projeto “Defensores da Juventude” foi lançado na quinta-feira (10)
com o objetivo de formar multiplicadores dos
conhecimentos adquiridos

 

As desigualdades sociais ainda mais incidentes junto à população das favelas e periferias são também observadas com indignação por jovens como J.C., P. e J.P. que, desde a quinta (10), aprendem mais sobre direitos nas aulas do projeto “Defensores da Juventude”. Em iniciativa inédita realizada com o objetivo de formar multiplicadores dos conhecimentos adquiridos, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) deu início à primeira turma do curso voltado à educação em direitos para o público juvenil. Na ocasião, foi realizada palestra sobre o papel da instituição com abordagem a temas como cidadania e direitos humanos.

Lançado na sede operacional Menezes Cortes com apresentação do grupo Segundo Movimento Companhia de Dança, o projeto inspirado na experiência bem sucedida da DPRJ com o Curso de Formação Defensores da Paz (para adultos) reúne 19 adolescentes do Programa Jovem Aprendiz em sua primeira edição. Entre eles estão os irmãos J.C., de 17 anos; J.P., de 15 anos; e P., de 19 anos; que perderam o pai na infância e a mãe há dois anos.

– Há muitos casos de violência e homofobia em andamento na cidade como o de um casal atendido na Defensoria porque foi perseguido e agredido no corredor de um shopping. Por isso a importância do projeto: para que a gente saiba sobre direitos e deveres de todo cidadão. Aprender nunca é demais – observa J.C., de 17 anos.

Atuante no Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) desde o início do ano, o adolescente divide com os irmãos a esperança de dias melhores a partir da qualificação profissional e da experiência adquirida no dia a dia de atendimentos da instituição. Enquanto J.P. presta serviços na Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica) e P. atua na Coordenação das Varas Criminais, os três conciliam o horário com a escola (à noite) e com as aulas do projeto “Defensores da Juventude”.

– Precisamos parabenizar vocês pela rotina diária que inclui escola e Defensoria: é praticamente uma educação em tempo integral. A presença de jovens transforma muito a instituição e promove uma troca de experiências muito valiosa e bastante rica em uma Defensoria em formação e cada vez mais democrática. Que vocês sejam referência na garantia de direitos por bairros e comunidades – destacou na abertura do evento o defensor-geral do Estado, Rodrigo Baptista Pacheco.

Chamando atenção para a importância do projeto junto aos jovens, a chefe de gabinete e coordenadora-geral de Programas Institucionais, Carolina Anastácio, disse que o objetivo é fazer dos participantes multiplicadores dos conhecimentos adquiridos.

– O curso traz empoderamento às pessoas e com os adolescentes não será diferente. A ideia é que o conhecimento obtido durante as aulas seja compartilhado em casa, nas ruas, na escola e na comunidade. É dever da Defensoria a educação em direitos e ela só é possível com essa troca. Vamos construir juntos – ressaltou Carolina.

Adolescente de Santíssimo toma três conduções

Com a rotina tão corrida quanto a dos colegas, K. toma três conduções para vir de Santíssimo ao Centro do Rio. De pé às 7h para chegar de van à estação de trem do bairro, ele desembarca na Central do Brasil e vem de VLT para mais um dia de trabalho como Jovem Aprendiz no Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen).

– No fim da tarde faço praticamente o mesmo percurso para ir à escola, com a diferença de que pego ônibus e não van na estação de Santíssimo. Tem sido tudo muito gratificante: em vez de jogar futebol profissionalmente, quero agora o Direito – assinala.

Para o coordenador da Infância e Juventude da DPRJ, Rodrigo Azambuja, a educação em direitos exerce papel fundamental na formação dos jovens juntamente com a qualificação profissional oferecida pelo Programa Jovem Aprendiz.

– É muito importante para o adolescente aprender sobre direitos e deveres em uma sociedade tão desigual como a nossa. Ter conhecimento jurídico e de leis só ajuda no dia a dia de cada um deles em qualquer lugar que estejam – observa o defensor.

Supervisora dos jovens aprendizes do Campi Mangueira, Alessandra Oliveira também esteve presente na mesa de abertura do evento e falou sobre a importância da educação em direitos.

– Será mais um investimento na vida de vocês e nós esperamos que aproveitem ao máximo essa oportunidade de aprendizado com pessoas que muito têm a oferecer – disse.

– Que absorvam bastante conhecimento e coloquem em prática da melhor forma – completou a advogada da Singular Gestão de Serviços, Carla Vimercati.

A aula inaugural contou com palestra sobre a “Defensoria Pública” ministrada pelo diretor-geral do Centro de Estudos Jurídicos (Cejur), José Augusto Garcia. O projeto “Defensores da Juventude” tem o apoio do Cejur e da Fundação Escola da Defensoria (Fesudeperj).

Clique aqui e veja a programação do curso.

Texto: Bruno Cunha

Fotos: Jaqueline Banai

Projeto conta com a participação de 19 adolescentes do
Programa Jovem Aprendiz

 

O diretor-geral do Cejur, José Augusto Garcia, falou com os
jovens sobre Defensoria Pública

 

A solenidade foi aberta com a apresnetação do grupo
Segundo Movimento Companhia de Dança

 

A programação do curso inclui 13 aulas até março

 

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