Iniciativa faz parte do projeto Circuito Favelas por Direitos

 

O Circuito Favelas por Direitos visitou, na manhã desta quarta-feira (19), a comunidade Beira Mar, em Duque de Caxias. A iniciativa teve por objetivo ouvir os moradores sobre a ação policial, ocorrida no dia anterior, que resultou em três pessoas mortas e outras três feridas, sendo duas delas crianças a caminho da escola. 

A Polícia Militar alegou que houve tiroteio, mas os moradores ouvidos negam que tenha ocorrido confronto. De acordo com eles, teria havido uma perseguição a três jovens desarmados numa rua da comunidade usada como via de acesso à escola pelas crianças que moram no Parque das Missões. Na avaliação descrita no local, era impossível não perceber as crianças na hora que os disparos foram feitos. 

– Eu vim correndo e vi a menina caída no chão e ela já pálida dizia: “Tia, me ajuda”. Olhei mais para frente e tinha outro caído e fiquei desesperada – afirmou uma moradora. 

A menina de 9 anos, cujo estado de saúde é bastante grave, e o menino de 6 anos foram amparados por vizinhos, que pressionaram para que os policiais conduzissem os feridos ao hospital.  

– Mais uma vez assistimos uma ação policial que resulta em alta letalidade e coloca em risco o conjunto da população da comunidade. Três jovens foram mortos, cujos corpos foram removidos sem perícia e a cena do fato alterada. Infelizmente, este procedimento irregular, combinado com a alta letalidade e o ferimento grave de duas crianças uniformizadas a caminho da escola, nos exige fazer alguns questionamentos, como: por que alterar a cena do fato? Sendo um local de residências e alta circulação de transeuntes, o disparo não deveria ser evitado? Será feita perícia no local? Qual o preço de uma prisão? Quem irá responder pelo dano causado as crianças e o outro rapaz atingido? Precisamos reduzir esta mortalidade. Uma polícia eficiente não é a que gera letalidade, mas a que cumpre a lei e gera segurança – explica Pedro Strozenberg, ouvidor-geral da DPRJ. 

Também participaram da conversa com os moradores a defensora Maria Julia Miranda, coordenadora do Núcleo de Terras e Habitação da DPRJ (Nuth) e a defensora Lara Alondra, coordenadora da Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica). Além de representantes das instituições parceiras do Circuito, como a Defensoria Pública da União (DPU) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).



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