Pesquisa inédita realizada pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro com suas defensoras e servidoras evidenciou uma realidade preocupante: 56% das defensoras públicas ouvidas já vivenciaram alguma reação negativa por parte das pessoas que buscam os serviços da instituição pelo fato de ser mulher. Já 46% delas sentiram o mesmo por parte de outros profissionais do sistema de Justiça.
Para 59% das defensoras participantes da pesquisa suas opiniões ou ponto de vista já foram minimizados em reuniões de trabalho. E ainda: Quase metade delas (48%) afirmou ter sido vítima de comentários inapropriados e ofensivos durante o expediente. No caso das servidoras essa percentagem é de 42%.
Os números fazem parte do 1º Diagnóstico da instituição, que teve a participação de 405 mulheres, sendo, 186 defensoras públicas e 219 servidoras da Defensoria Pública fluminense. Os dados serão apresentados hoje (8/3), às 18h, na Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (ADPERJ).
Ainda de acordo com a pesquisa, a grande maioria das defensoras públicas (79,5%), e a maior parte das servidoras (66%), acha que a sua vida pessoal é mais afetada pelo exercício da profissão do que a de seus colegas homens. No âmbito doméstico, as participantes afirmaram dividir as tarefas domésticas com outros membros da família, mas a responsabilidade, 75% do trabalho, ainda pesa sobre elas.
Outro ponto importante da pesquisa tratou da maternidade. De acordo com os dados, 77% das defensoras tem filhos contra 44% das servidoras.
– O cuidado das crianças foi um tópico trazido pelas participantes, que de forma geral se sentem sobrecarregadas, especialmente na volta da licença maternidade. O Diagnóstico aponta que 52% das defensoras, e 62% das servidoras sentiram dificuldades para retornar ao trabalho após a licença. Muitas também apontaram como problema a falta de espaço para aleitamento dos filhos e acondicionamento de leite no local do trabalho – explica a pesquisadora da DPRJ Carolina Haber.
Instituição de maioria feminina
Hoje, dos 794 defensores ativos, 532 são mulheres, o que representa 67% do total. No caso dos funcionários, dos 1.440, 857 são mulheres, correspondendo a 59% do quadro.
– O Diagnóstico é uma ferramenta importante de autoconhecimento institucional e, por isso, tem um potencial enorme de transformação, através da formulação de políticas institucionais específica para a realidade feminina. Essa iniciativa é fundamental para a Defensoria Pública, a mais feminina das instituições que compõem o sistema de Justiça fluminense – explica a Presidente da ADPERJ, Juliana Bastos Lintz.
O Diagnóstico foi promovido em parceria entre a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, as Associações dos Defensores e dos servidores da Defensoria, ADPERJ e ASDPERJ, e o Fórum Justiça.