A  dirigente religiosa Rosemery Barbosa (direita), acompanhada de suas filhas de santo, deu início ao processo de legalização do terreiro

 

Representantes de diversas comunidades religiosas de matrizes africanas em Duque de Caxias deram início à legalização de seus terreiros, nesta quinta-feira (9). Na ação realizada pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ), em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e a Federação Umbandista de Matriz Africana daquela cidade, cerca de 100 dirigentes religiosos foram orientados sobre os benefícios adquiridos após a regularização dos barracões e o processo burocrático desse procedimento.

 

A ação aconteceu na sede da DPRJ em Duque de Caxias. A defensora Renata Tavares explicou que um terreiro legalizado tem direito à isenção do IPTU e oferece segurança às organizações religiosas que precisarem da Justiça quando forem vítimas de intolerância religiosa ou atacados devidos a outras circunstâncias.


– É uma situação que preocupa a Defensoria porque muitos barracões, de algumas comunidades, são invadidos por traficantes. E quando não regularizados eles não possuem direitos nem conseguem entrar com ações caso sofram algum tipo de discriminação – disse a defensora.

 

O presidente da Federação Umbandista de Matriz Africana, Luiz Nunes, diz que a intenção é reconhecer todas as casas do Estado, começando por Duque de Caxias. Segundo ele, muitos ainda são ilegais por falta de dinheiro e conhecimento por parte dos dirigentes. De acordo com o presidente, o evento contou com a participação de mais dez comunidades de matrizes africanas diferentes, dentre elas o Candomblé e a Umbanda, que são as mais conhecidas.

 

Em busca de informações para dar início ao processo de regularização do barracão que frequenta, o empresário e líder do terreiro Ylé Oxun OPará, Alexandre Ramos, participou da reunião junto com a mãe de santo Letícia Barcellos, e o neto dela, o pequeno Théo Bracellos, de 7 anos.

Alexandre,a mãe de santo Letícia Bracellos e Theo, o neto dela, foram à reunião para se informar sobre o processo

 

– Com toda a falta de informação e a burocracia, o processo de legalização se torna difícil. Mas hoje, aqui, vimos que unidos (todas as comunidades e suas vertentes) é possível conseguir algo mais – afirmou Ramos.

 

Presença marcante no evento foi da mãe de santo Conceição D'Lissá, figura de resistência no meio religioso. Ela já teve seu terreiro invadido oito vezes, incendiado e, recentemente, foi alvo de tiros. Mãe Conceição representa a comunidade Doné Nação Djeje Hamin, umas das vertentes do Candomblé.

A mãe de santo Conceição D'Lissá compareceu ao mutirão para apoiar os dirigentes religiosos de Caxias

 

– Eles não calarão nossos tambores – afirmou Conceição.

 

Texto e fotos: Marcelle Bappersi

Flickr: https://www.flickr.com/photos/dpgerj/albums/72157698544586621



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